Diretora de instituição com nota 8,1 na avaliação do MEC no Ceará teme pela segurança dos estudantes
A rotina se repete há cinco anos. Ainda no escuro, às 4 horas da manhã, Francisco Leonilson Sá, 32 anos, está acordado. Em 30 minutos precisa dar partida no caminhão Ford F-4000 e dirigir por uma hora até entrar na rota. São 40 quilômetros de estradas de terra e piçarra – pedrinhas semelhantes ao saibro. Ao longo do trajeto, crianças aguardam a chegada do pau-de-arara que ruma à escola.
Nesse ínterim, Ana Carla Alves Furtuoso, 11 anos, veste a farda, toma café da manhã, apronta o material escolar e caminha por 15 minutos até a beira da estrada próxima de casa onde embarca na caçamba do caminhão, a essa altura lotada pelos colegas. Serão mais 20 minutos no transporte escolar, protegida apenas por barras de madeira que servem de apoio e pedaços de lona, que bloqueiam a poeira.
Na Escola Sebastião Francisco Duarte, na zona rural de Pedra Branca, Sertão Central cearense, os professores já aguardam na entrada a chegada do pau-de-arara para ajudar a desembarcar os menores. Para começar, a aula em uma das duas escolas mais bem-avaliadas do Ceará no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011 , com nota 8,1, depende de um dos meios de transporte mais comuns no sertão nordestino, mas também um dos mais arriscados.
“Mas não faz medo, não”, faz pouco caso Ana Carla. Acostumada com o sacudir do caminhão, aprendeu a se equilibrar e segurar firme na barra de madeira. Ali não há notícia de acidentes e, embora a prefeitura alegue não haver outro meio de transportar os alunos pelo sobe e desce do relevo acidentado da serra esturricada, a diretora Maria Neuziran Duarte teme pela segurança dos pequenos todo dia.
“Com certeza, se tivesse um ônibus adaptado, seria bem melhor para dar um conforto a essas crianças”, defende.
Pau-de-arara chega com alunos para aula da manhã na Escola Sebastião Francisco Duarte |
Há oito anos, 120 escolas formavam a rede municipal de ensino da pequena Pedra Branca. Número impressionante para um município de apenas 43 mil habitantes, não fosse por contabilizar precárias instalações espalhadas pela sede e zona rural.
Quando a administração municipal começou a fechar boa parte dessas escolas, enfrentou protesto dos moradores das áreas distantes. Não havia transporte escolar e os pais temiam que as dificuldades levassem os filhos a abandonar os estudos.
À época, a Secretaria de Educação do Município argumentou que para melhorar a qualidade de ensino precisava concentrar as aulas em prédios com estrutura mínima. De 120, a rede passou a ter 60 escolas. “Se não tivéssemos substituído aquelas escolas pelos núcleos, não teríamos alcançado esse resultado na educação”, pondera a funcionária da prefeitura, Ivonete Braga.
Fonte: - iG Ceará
Gilv@n Vi@n@
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