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09 junho, 2013

POLÍTICA

Divergências na aliança PDMB-PT abrem espaço para Aécio e Eduardo Campos

Possíveis adversários de Dilma em 2014 têm se aproveitado das insatisfações com a aliança entre os dois maiores partidos da base para construírem acordos com líderes peemedebistas

As insatisfações entre setores do PMDB com o PT tornaram-se terreno fértil para investidas dos possíveis adversários da presidente Dilma Rousseff em 2014. Na última semana, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE), cotados para a corrida presidencial, aproveitaram-se das insatisfações motivadas principalmente por arranjos políticos locais, para tentar costurar com peemedebistas acordos que vão de encontro à aliança prioritária firmada no âmbito nacional para a reeleição de Dilma.
Nas conversas de Eduardo Campos, por exemplo, inclui-se a possibilidade de apoio mútuo com o senador Waldemir Moka (MS), que quer lançar sua candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul. O projeto de Moka contraria a possível candidatura petista de Delcídio Amaral (PT).
Já Aécio Neves aproveitou, por exemplo, o embate entre petistas e peemedebistas na Paraíba para propor acordo ao senador Vital do Rêgo, que sonha em fazer de seu irmão, Veneziano Vital do Rêgo, governador da Paraíba. Petistas da Paraíba, no entanto, querem fechar com o PP e apoiar a candidatura do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.
Além de Vital, Aécio tem mantido conversas com o grupo de senadores chamados de independentes, entre eles, Ricardo Ferraço (ES), Luiz Henrique (SC), Roberto Requião (PR) e Pedro Simon (RS).
Queixas
Apesar de estar em pleno vigor, eventualmente reforçada por movimentos públicos de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, a aliança prioritária entre PT e PMDB para reeleger Dilma Rousseff em 2014 está longe de se apresentar como uma relação harmônica. As reclamações de ambos os lados são cada vez mais frequentes e respingam na imagem de Temer perante os colegas de partido.
No Rio de Janeiro, por exemplo, onde o PT insiste na candidatura do senador Lindbergh Farias e o governador Sérgio Cabral insiste em lançar seu vice, Luiz Fernando Pezão, para o Palácio da Guanabara, as queixas de “não atuação” de Michel Temer em defesa do projeto do PMDB são cada vez maiores.
A ideia de boa parte de peemedebistas do Rio é de que, com a aliança nacional, Temer resolve a própria vida política e, por isso, não estaria tão empenhado em fazer valer o desejo do partido no Estado. A queixa em relação a Temer, de acordo com peemedebistas, é generalizada no próprio partido, tanto quanto a ideia de que, se a convenção do partido fosse hoje, os peemedebistas ofereceriam maior resistência em selar a aliança com o PT.
Isso porque os Estados insatisfeitos com a aliança teriam votos suficientes para barrar o acordo com o PT. É o caso do Rio de Janeiro - Estado com a maior representação do diretório nacional do partido -, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná. Somados, esses cinco Estados têm mais de 700 votos no diretório nacional, o que representaria mais de 50% do total.
Até agora, o governo não tem demonstrado preocupação com as investidas dos adversários. O entendimento no Planalto é de que as dissidências peemedebistas são naturais, fazem parte da forma de fazer política do PMDB.
É comum a avaliação no governo de que, para pressionar, sempre tem um grupo do PMDB dissidente e outro com a função de apaziguar as relações. Com isso, o partido tenta conseguir vantagens na aliança. No PMDB, é comum a acusação de que o PT não trata a aliança como prioritária, apesar das manifestações da presidente.
Diante desse entendimento, a ordem no Planalto e na cúpula do PMDB é reforçar em todas as ocasiões a aliança envolvendo o vice-presidente Michel Temer.
É sabido no meio político que dificilmente o PMDB irá inteiro para a aliança. É comum também a ideia de ruim com ele, pior sem ele, já que o partido goza da prerrogativa da maior capilaridade do País. Desde a redemocratização, o PMDB se alternou entre ser o titular do governo ou fazer parte dele. No entanto, nas campanhas, as divisões sempre foram consideradas naturais.
Em 1998, foi informal o apoio do PMDB à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um ex-peemedebista. Nessa época, a decisão de apoiá-lo provocou desagrados nos setores que apostavam nas possíveis candidaturas dos dois ex-presidentes do partido, Itamar Franco e José Sarney. O partido se debateu por seis meses até chegar à conclusão de não apoiar formalmente a reeleição de FHC, mas também não lançar candidato. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito e o PMDB esteve o tempo inteiro em seu governo.
Em 2002, o partido enfrentou eleições tendo Rita Camata como vice de José Serra. A decisão de se coligar para a disputa foi tomada na Convenção Nacional do partido e derrotou a tese de candidatura própria defendida por Roberto Requião. Ainda assim, durante a campanha, alguns peemedebistas partiram para o apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, que foi eleito. Um desses peemedebistas foi o senador José Sarney (AP), que acabou eleito, em 2003, presidente do Senado Federal.
Já em 2003, o PMDB estava com Lula formalmente, mas com as dissidências de sempre. Nesta eleição, o atual deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) que fazia parte do PMDB, chegou a anunciar uma greve de forme contra a decisão de não lançar candidato próprio. Em Pernambuco, Jarbas Vasconcellos aderiu à campanha tucana, encabeçada por Geraldo Alckmin.
Pesquisas
Preocupado em “quantificar e qualificar” a viabilidade das possíveis candidaturas, o PMDB decidiu encomendar imediatamente pesquisas que apontem a popularidade dos nomes já colocados nas disputas locais. Em no máximo 20 dias, o partido quer ter dados sobre a viabilidade das candidaturas. “Queremos fazer uma análise fria”, disse o líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira (CE).
“É necessário que tenhamos isso quantificado e qualificado para avaliar se é o caso de convencer lideranças de que não é o momento para as candidaturas ou até de tomarmos atitudes protetoras de candidaturas dos nossos companheiros que tenham viabilidade eleitoral”, comentou o senador.
“Temos de avaliar tudo. Fazer uma reflexão do que pode refletir na campanha nacional ou na estadual. Temos também de ter em mente que o PMDB é regionalizado, é plural, é democrático. Essa é a essência do partido. Por isso, temos de analisar quadro a quadro, movidos pelo desejo de encontrar o caminho, ou, encontrar os caminhos", ponderou.
Repercussão
Interessados em explorar o descontentamento da base peemedebista com os rumos determinados pela cúpula do partido, os tucanos contam ainda com a possibilidade dessa insatisfação se tornar ainda mais evidente na semana que vem, quando o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), fará uma reunião da bancada.
A impressão dos oposicionistas é de que Cunha conseguiu unir a bancada ao explicitar esse descontentamento com a aliança. “Política é como um jogo de xadrez, não é um jogo de Rugby ou UFC”, comentou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), próximo a Aécio.
GILV@N VI@N@

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