Servidores da Justiça iniciam paralisação e intensificam pressão sobre o governo; sindicatos reclamam de falta de diálogo com Dilma, mais dura na negociação que Lula
Servidores da Justiça Federal estão se preparando para uma paralisação |
O namoro entre as centrais sindicais e o governo do Partido dos Trabalhadores, o PT, está estremecido desde a chegada da presidenta Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. As greves sequenciais de servidores federais iniciadas há pouco mais de um mês se transforma em uma bola de neve que o governo petista, na opinião de sindicalistas ouvidos pelo iG, parece pouco disposto a desfazer.
O descontentamento dos sindicatos está na mudança do estilo bonachão de Lula para o diálogo mais duro enfrentado com Dilma. “A postura do final do governo Lula [esfriamento nas negociações salariais], intensificado no governo Dilma, é a nossa principal dificuldade de negociação”, afirma o coordenador-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe), José Carlos Oliveira.
Agora, depois de os servidores das agências reguladoras pararem os portos, de os trabalhadores da Eletrobras ameaçarem o sistema elétrico e os auditores da Receita Federal iniciarem uma operação-padrão, o Judiciário ensaia uma paralisação às vésperas do julgamento do mensalão. “A disposição que estamos indicando para os estados e o Distrito Federal é de greve se não houver avanço na negociação”, diz Oliveira.
A categoria entra em greve nos próximos dias e, no dia 15 de agosto, promete uma paralisação geral em todo o país. A greve começa na mesma semana marcada para o início do julgamento dos 38 réus envolvidos no suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares no primeiro governo de Lula. “A nossa discussão envolve o fato de que o Judiciário não vem sendo respeitado e, por isso, a agenda política não é uma questão que nos afeta”, afirma o coordenador da Fenajufe. “Mobilizaremos a categoria e se isso vai pegar o julgamento ‘x’ ou ‘y’ para nós não importa.”
O presidente do STF, Ayres Britto, já avisou que qualquer movimento reivindicatório não vai atrapalhar o processo do mensalão.
A greve pode ser a quinta iniciada pelo do judiciário desde 2009, quando a categoria passou a exigir ser atendida pelo governo para negociar ajuste salarial. A Fenajufe pontua que o último aumento de salário ocorreu em 2006. O sindicato estima em 40% a perda inflacionária desde 2008 e propõe reajustes escalonados por divisão de cargos. O impacto total seria uma elevação de 32,48% sobre a folha de pagamento, que neste ano está próximo a R$ 28 bilhões – conforme dados do Ministério do Planejamento.
Fonte: - iG Brasília
Gilv@n Vi@n@
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