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20 junho, 2012

Minha Saúde: Brasil estuda implantar 3 novas vacinas

Doses contra HPV, catapora e hepatite A entram pra agenda do Ministério da Saúde e podem chegar à rede pública
Vacina: Brasil estuda incluir 3 novas imunizações no calendário gratuito
O Ministério da Saúde estuda implantar três novas vacinas no calendário público.
Entrou para a agenda de discussões da pasta a oferta das doses contra a catapora (varicela), a hepatite A e HPV.
Hoje estas doses estão disponíveis somente na rede particular, por custos entre R$ 75 e R$ 600 a dose.
Um grupo formado por especialistas em imunização de todo País analisa como podem ser ofertadas estas vacinas, qual é o público-alvo mais indicado e a melhor época para a realização de campanhas de vacinação em massa.
Para isso, os técnicos produzem estudos sobre a incidência das doenças na população brasileira, os custos e o quanto os cofres públicos economizariam com a adoção desta prevenção.
Segundo a integrante deste comitê que assessora do Ministério, a infectologista Rosana Richtmann, o parecer técnico mais adiantado é sobre a vacina da catapora, mas ainda não há prazo para que nenhuma das doses ingresse na rede.
“Nossas análises já concluíram que o ideal é vacinar crianças a partir de 1 ano, junto com a aplicação das doses do sarampo, rubéola e caxumba (tríplice vacina já integrante do programa nacional).”
A prevenção da hepatite A também caminha para receber o aval deste grupo, mas ainda não há consenso sobre as idades que devem ser contempladas pela imunização gratuita. A doença é transmitida especialmente por água e alimentos contaminados e mal higienizados. Com isso, pessoas de qualquer grupo etário são vulneráveis à infecção, dificultando a definição do grupo técnico sobre a parcela a ser vacinada.
HPV
Apesar das dificuldades com a hepatite A, o principal nó sobre a definição da estratégia de vacinação pública está centrado nas doses preventivas do HPV. A doença pode evoluir para câncer de colo de útero, cabeça e pescoço, pênis e ânus e é causada por 100 tipos diferentes de vírus. Quatro deles, entretanto, são os mais incidentes e a principal via de transmissão é o sexo desprotegido.
As pesquisas científicas sobre as vacinas do HPV existentes hoje mostram que a forma mais efetiva de prevenir a população é vacinar as meninas antes da primeira exposição ao vírus, ou seja, antes de iniciarem as relações sexuais.
No cenário brasileiro, acrescenta a professora de ciências médicas da Santa Casa de São Paulo Adriana Campaner – defensora da vacina contra o HPV –, definir a idade em que as meninas começam a fazer sexo não é uma tarefa simples, já que a faixa etária pode variar de Estado para Estado.
“Em São Paulo, fizemos um levantamento baseado no número de partos e constatamos que elas começam a ter relação entre 12 e 13 anos, mas isso pode ser variável”, diz a médica.
“Outro ponto é que as meninas nesta fase já não são mais consultadas com o pediatra, mas ainda não frequentam o ginecologista de forma rotineira. Nesta ‘entressafra’ de especialidades, é mais difícil disseminar a importância da vacinação.”
Luisa Lina Villa, pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, professora da USP e uma das principais estudiosas sobre a prevenção do HPV, afirma que estas particularidades da imunização contra o vírus exigem um envolvimento não apenas do governo federal.
“Sabemos que não é só decidir entre comprar ou não comprar a vacina. Isso exige um envolvimento dos pais, dos adolescentes, dos médicos, das escolas, da comunidade”, pontua.
Experiências
Para fomentar a decisão do Ministério da Saúde sobre a adoção ou não da vacina do HPV, o grupo técnico avalia ainda algumas experiências nacionais e pontuais de aplicação das doses. Um dos estudos acaba de ser concluído na cidade de Barretos, interior paulista, pode servir de caminho.
“Para a nossa pesquisa, decidimos vacinar nas escolas em vez de utilizar os postos de saúde”, explica o autor da pesquisa, o oncologista José Humberto Fregnani, doutor pelo Hospital A.C Camargo.
“Fizemos isso porque, para a vacina contra o HPV alcançar a sua proteção máxima, hoje, são necessárias 3 doses, com intervalos de seis meses entre uma e outra. O público adolescente é difícil. Levar a vacina aos colégios foi uma forma de tentar conseguir diminuir os sumiços e as desistências antes do ciclo de proteção estar completo.”
Foram selecionadas, aleatoriamente, 18 escolas – metade da rede pública e metade da particular. Alunas do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, sem definir a faixa etária, foram vacinadas.
“Na mesma série escolar tinham estudantes de até quatro idades diferentes. Escolher a série e não a faixa-etária facilitou a convocação das participantes.”, informa Fregnani.
“Os professores foram orientados e também fizemos reuniões com os pais e responsáveis.”
No total, 1.513 meninas foram vacinadas, com idade média de 9 anos, e a taxa de aceitação das doses foi de 90% – 10% dos pais não aceitaram que as suas filhas fossem imunizadas e o principal motivo da recusa foi o medo das reações adversas da dose (3% dos pais que não deixaram as filhas serem vacinadas disseram que elas eram muito novas para serem protegidas contra uma doença sexualmente transmissível).
Apesar do receio, ressalta Fregnani, após um ano de acompanhamento das estudantes vacinadas, nenhuma apresentou efeitos colaterais graves ou preocupantes.
A taxa de cobertura completa – das três doses – foi de 85%, índice maior do que o detectado em outros países que já oferecem a vacina de graça (na Austrália, por exemplo, a taxa de cobertura completa é de 70%).
Mudança
Luisa Lina Villa avalia como extremamente positiva a experiência de Barretos e diz que outras estratégias estão sendo consideradas.
“Uma das propostas é convocar a mãe para fazer papanicolaou (exame que detecta a presença do HPV) e simultaneamente levar a filha adolescente – ou que estiver na idade estipulada como alvo – para receber a dose preventiva.”
A avaliação dos especialistas é que, ao definir os critérios que facilitem a adoção da vacina contra o HPV na rede pública, será possível interferir no curso da doença e salvar vidas.
“Só para falar de uma das consequências do vírus: são 18 mil novos casos de câncer de colo de útero por ano (projeções do Instituto Nacional do Câncer) e metade destas mulheres morre em decorrência do tumor”, alerta Luisa.
Fonte: Ministério da Saúde
GilvAn Vi@n@

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