Eleição municipal dá o contorno da disputa presidencial de 2014
Nas campanhas municipais, ex-presidente Lula, senador tucano Aécio Neves e governador Eduardo Campos viajam pelo Brasil e fortalecem imagens próprias e de aliados
Encerrada neste domingo, a corrida municipal de 2012 ajudou a dar o contorno do que poderá ser a disputa presidencial de 2014. Com a missão de reforçar as campanhas dos candidatos que apoiaram nesta eleição, cotados para disputar o Palácio do Planalto daqui a dois anos fizeram uma peregrinação pelo País afora, testaram sua capacidade de puxar votos e ganharam a chance de fortalecer seus respectivos partidos em cidades estratégicas para a próxima empreitada nas urnas.
Candidata natural à reeleição, a presidenta Dilma Rousseff se empenhou pessoalmente na campanha, mas coube principalmente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitar cidades importantes e puxar votos para os candidatos do PT e aliados na eleição. Além da presidenta, dois nomes tidos como possíveis candidatos entraram na lista de protagonistas da corrida municipal: o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos , e o senador mineiroAécio Neves (PSDB).
Lula e Dilma fazem comício ao lado do candidato petista, Fernando Haddad |
Após circular por diversas cidades no primeiro e segundo turnos e gravar material de campanha em favor de outras dezenas de candidatos, Lula subiu em dez palanques na reta final do segundo turno em uma última tentativa de alavancar candidatos e aliados. Além de levar a Prefeitura de São Paulo, com Fernando Haddad , o ex-presidente consegiu eleger candidatos em cidades do ABC paulista, berço do PT, como Santo André e Mauá, Guarulhos, além das capitais Goiânia, João Pessoa e Rio Branco.
Na última semana de campanha, chegou a ter sua presença requisitada em Cuiabá, onde o candidato Lúdio Cabral (PT) foi derrotado por Mauro Mendes (PSB), mas a agenda cheia impediu a participação."
Entre os aliados, Lula apoiou candidatos como a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que acabou derrotada pelo adversário tucano Arthur Virgílio, em Manaus. O ex-presidente gravou ainda material de campanha para outros partidos, como o PDT de Roberto Góes, em Macapá, e o PSOL de Edmilson Rodrigues, em Belém, mas ambos acabaram derrotados nas urnas.
Apesar da vitória expressiva em São Paulo, o PT sofreu uma derrota para o PSB de Eduardo Campos no Ceará, onde Roberto Cláudio foi eleito 53,15% dos votos válidos contra 46,85% de Elmano de Freitas . A candidatura do deputado estadual socialista foi lançada após um racha com o PT quando a legenda não aceitou a indicação da candidatura de Elmano.
Além de Fortaleza, Campos teve uma de suas principais vitórias com o PSB ainda no primeiro turno, quando ajudou a eleger o desconhecido Geraldo Júlio (PSB) no Recife, desbancando nomes fortes como o do senador pernambucano Humberto Costa (PT).
Aécio faz corpo a corpo nas ruas de Belo Horizonte com Márcio Lacerda (PSB) |
Outra vitória socialista foi a reeleição de Márcio Lacerda , também no primeiro turno, em Belo Horizonte, um dos principais colégios eleitorais do País. Apoiado pelo PSDB, Lacerda ainda foi uma das principais apostas do senador Aécio Neves, que se engajou pessoalmente na campanha socialista.
As duas vitórias do PSB foram consideradas fortes golpes no PT, em cidades onde o partido tinha suas próprias apostas para a eleição. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias foi uma indicação de Dilma e um dos poucos candidatos petistas a receber seu apoio no primeiro turno das eleições. No Recife, o petista Humberto Costa despontou como primeiro colocado nas pesquisas, mas acabou como o terceiro nas urnas.
Peregrinação
Após o fim da apuração, o PSB sai das urnas neste domingo com seis vitórias dentre as sete prefeituras que disputava o segundo turno. No total, a legenda conquistou cinco capitais, deixando para trás o PSDB e o PT, que comandam quatro capitais cada a partir de 2013.
Fora das capitais, uma das principais apostas dos socialistas foi Jonas Donizette (PSB), que conquistou a Prefeitura de Campinas (SP), terceiro maior colégio eleitoral do Estado. Donizette recebeu o apoio de Campos em duas visitas à cidade, onde enfrentou o petista Marcus Pochmann (PT), apoiado por Lula e pela presidenta Dilma. Campinas também foi a única cidade do interior de São Paulo a ter a presença de Dilma na campanha.
A presença de Campos no Sudeste faz parte da estratégia de fortalecer a figura do governador nos Estados dessa região. Durante a campanha, o governador pernambucano esteve ainda em cidades como o Rio de Janeiro, Petrópolis, São Luís, Cuiabá, Porto Velho.
Considerado um dos principais nomes do PSDB para a eleição presidencial de 2014, Aécio Neves foi um dos nomes que mais trabalhou sua imagem na campanha municipal deste ano. A peregrinação do senador mineiro começou ainda no período de pré-campanha: até junho deste ano, Aécio já havia percorrido 14 Estados nas cinco regiões brasileiras, participando de encontros, fóruns, convenções, lançamentos e eventos que reuniam lideranças tucanas locais.
O governador Eduardo Campos participa da Reunião Amigos 40 ao lado do prefeito eleito no Recife, Geraldo Júlio (PSB) |
Já em campanha, Aécio passou por capitais onde o PSDB e aliados concorreram, como Rio Branco, Manaus, Belém, Recife, Salvador, São Luís, Teresina, João Pessoa e Vitória, além de cidades estratégicas no interior de São Paulo, no Sul e no Nordeste do país.
Em Salvador, o senador tucano apoiou a candidatura do aliado do partido ACM Neto(DEM), eleito com 53.51% dos votos válidos. O demista venceu a candidatura de Nelson Pelegrino (PT), que também contou com o apoio intenso no palanque com Lula, Dilma e com o atual governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
Apesar de desalojado de São Paulo, o PSDB conquistou prefeituras em capitais como Manaus, Belém, Teresina, Maceió e grandes cidades, como Taubaté (SP), Campina Grande (PB), Blumenal (SC) e Pelotas (RS).
Aproximação
Em Campinas, Donizette recebeu também o apoio de Aécio Neves, que participou de eventos de campanha com o candidato socialista na cidade. O tucano Henrique Teixeira é vice na chapa.
Na ocasião de uma das visitas, Aécio afirmou que em suas “andanças por 23 dos 27 estados da federação que eu coloquei mais 40 no peito do que 45”, em referência aos números das urnas do PSB e do PSDB, respectivamente. A afirmação aconteceu em meio a especulações sobre a aproximação das duas legendas nas figuras de Aécio e Eduardo Campos..
Os dois chegaram a dividir o palanque em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde apoiaram juntos o deputado estadual Antônio Lerin (PSB). Lerin disputou o segundo turno com o deputado federal Paulo Piau (PMDB), mas acabou derrotado nas urnas. Piau teve 51,36% dos votos válidos contra 48,64% de Lerin.
Aécio e Campos evitaram falar sobre suas pretensões para 2014 e negam um possível acordo entre o PSDB e o PSB durante toda a campanha. Em visita a Manaus, Aécio chegou a afirmar que os dois partidos "quase se confundem na história dos agentes políticos" e que o crescimento do PSB não é visto como "uma ameaça" e é até interesse do PSDB que o partido esteja forte. “Nós estamos tranquilos porque vamos construir um projeto de oposição. Se no caminho, forças que hoje estão com o governo se sentirem mais confortáveis em uma nova proposta para o Brasil, naturalmente serão muito bem vindos", disse à época.
Uma pesquisa estimulada divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em agosto deste ano simulou uma possível disputa presidencial entre Dilma, Aécio e Campos. O socialista foi o que teve o pior desempenho, com 6,5% das inteções de votos. O tucano teve 14,8% e a atual presidenta, 59,0%. Em uma simulação com Lula no lugar de Dilma, o ex-presidente teria 69,8% dos votos, Aécio Neves 11,9% e Eduardo Campos, 3,2%.
Confira os prefeitos eleitos nas 26 capitais brasileiras
Fonte: iG São Paulo
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