Governo da Venezuela divulga primeiras fotos de Chávez após cirurgia
Nas imagens, presidente venezuelano aparece sorrindo e lendo jornal ao lado das duas filhas enquanto se recupera em Havana; Chávez enfrenta dificuldades respiratórias
Ao lado das filhas, Hugo Chávez lê edição de quinta-feira (14) do jornal cubano Granma |
O governo da Venezuela divulgou nesta sexta-feira (15) as primeiras fotos do presidente Hugo Chávez desde que ele realizou a sua terceira operação contra a reincidência de um câncer há dois meses . Nas imagens, ele está sorrindo e acompanhado de suas filhas, Maria Gabriela e Rosa Virgínia, em Cuba.
Chávez é mostrado lendo a edição de quinta-feira (14) do jornal estatal cubano Granma nas fotos, que foram divulgadas na televisão pelo genro de Chávez, o ministro da Ciência Jorge Arreaza.
De acordo com um comunicado lido pelo ministro de Comunicação venezuelano, Ernesto Villegas, o presidente tem dificuldades para falar e respira com a ajuda de uma traqueostomia, devido a sequelas da infecção respiratória adquirida após uma cirurgia para combater o câncer.
"A infecção respiratória (...) foi controlada, mas ainda persiste um certo grau de insuficiência. Devido a essas circunstâncias, que estão sendo devidamente tratadas, o presidente Chávez respira através de cânula traqueal, que lhe dificulta temporariamente a fala", afirmou Villegas, em pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão.
Rumores
A divulgação das fotografias e de novos detalhes sobre o estado de saúde do presidente deve atenuar a tensão no país e dissipar rumores sobre uma piora na saúde de Chávez, como boatos de que teria voltado à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido a novas complicações. Nas redes sociais, falsos documentos falavam da morte do presidente venezuelano.
Acostumados com a onipresença do presidente, os venezuelanos estranhavam o fato de Chávez não ter feito nenhuma ligação telefônica para o país - como ocorreu nas operações anteriores - para dar conta de seu estado de saúde e de sua recuperação.
"Com certeza alguma coisa o impede de falar, se não, já teria ligado para dar alguma notícia, algum sinal", disse, em tom preocupado, o jornaleiro Pedro Contreiras, horas antes do comunicado do governo.
Retorno
O governo não informou, porém, quando Chávez poderá regressar ao país. Sua prolongada ausência aumenta o clima de incerteza quanto ao futuro da Presidência. Na figura do vice-presidente e eventual sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, o governo se esforça para preencher o "vazio" deixado pelo líder e tenta mostrar que o Executivo continua funcionando no mesmo ritmo, sem riscos à governabilidade.
A oposição, por sua vez, critica o hermetismo com o qual têm sido tratadas as informações relacionadas à saúde do presidente. Oposicionistas organizaram um protesto a algumas quadras da embaixada cubana em Caracas acusando o governo de Havana de ingerência nos assuntos internos do país. Outros dirigentes chegaram a afirmar que Chávez estava "sequestrado" pelos irmãos Castro em Havana.
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria GIS XXI, 54% dos venezuelanos afirmam que preferem esperar a recuperação de Chávez a "forçar" outro tipo de saída para o dilema político em que o país se encontra. Outros 38% dizem que o líder venezuelano deve renunciar ao cargo e convocar novas eleições. O restante aposta na intervenção de uma junta médica para avaliar as condições de saúde do mandatário e que, com base nessa avaliação, uma decisão seja tomada.
Em 8 de dezembro, Chávez admitiu que a reincidência de seu câncer poderia afastá-lo da vida política e apontou Maduro como seu sucessor político. Desde então, Chávez não havia sido visto ou ouvido em público. Membros de seu gabinete, no entanto, afirmam que ele continua à frente da Presidência e que está dando ordens.
*com BBC Brasil
Gilv@n Vi@n@
Nenhum comentário:
Postar um comentário