Alvo de cassação, senador goiano repetiu quatro vezes que está sendo vítima de uma 'injustiça'; ele será julgado por seus colegas na próxima quarta-feira
Demóstenes Torres volta à tribuna do Senado nesta sexta para se defender do processo de cassação |
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) voltou a ocupar a tribuna do plenário para fazer sua defesa na tentativa de evitar a cassação do seu mandato na quarta-feira. Demóstenes fez dois pronunciamentos nesta sexta-feira usando os mesmos argumentos desde que subiu pela primeira vez à tribuna no início da semana. Demóstenes disse que não tirou qualquer "proveito financeiro" da relação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro por envolvimento com o jogo ilegal.
"Sou limpo, meu patrimônio é limpo e quem quis me sujar não reuniu elementos nem colocando quatro delegados e dez agentes para me bisbilhotar, durante quatro anos, 24 horas por dia", disse o senador goiano, acusado, entre outros coisas, de ter despesas pessoais pagas pelo contraventor. As duas falas, uma pouco depois das 9 horas e outra por volta das 11h15, duraram cerca de 45 minutos para um plenário praticamente vazio.
Grampeado pela Polícia Federal em mais de 300 conversas com Cachoeira, Demóstenes afirmou que o "vazamento criminoso de escutas ilegais" pode levar as pessoas a especularem que ele seria "muito rico". O senador disse que vive apenas do salário parlamentar e, mesmo tendo ocupado funções e cargos com bons salários, como promotor de Justiça e secretário de Segurança Pública, considera ter um patrimônio "muito pequeno".
"O que mais tenho mesmo são discos. Tinha também muitos livros, mais de cinco mil exemplares, mas dei minha biblioteca inteira para instituições públicas de Goiás", disse. "A depressão que me invadiu nesse episódio dos ataques à minha honra me impede de ler e ouvir música, os dois maiores prazeres de que desfruto", completou.
Nos dois discursos, o senador goiano repetiu quatro vezes que está sendo vítima de uma "injustiça". Mais uma vez desde o início da semana, ele disse que as gravações contra parlamentar que detém foro privilegiado sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) é ilegal e que há montagens nas conversas interceptadas dele.
Ao contrário dos três discursos anteriores, Demóstenes detalhou em boa parte do primeiro pronunciamento desta sexta-feira a análise feita pelo perito Joel Ribeiro Fernandes, a seu pedido, nos grampos. De acordo com a avaliação do perito, citada por ele, "são observados robustos indícios de edições nas informações acostadas nos autos". "É preciso esperar um laudo oficial para reconhecer se foi feita montagem para me incriminar", clamou o senador, lembrando que o Conselho de Ética negou pedido de realização de perícia nas gravações.
"Exerci o meu papel conquistado nas urnas sem me afastar do caminho da retidão. Jamais fiz algo que envergonhasse o povo do meu Estado que me honrou com seu apoio e seu voto, os meus amigos, a minha família ou o Senado da República. Nunca me envolvi em nada que manchasse o meu currículo", disse.
Fonte: AGÊNCIA ESTADO
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