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08 dezembro, 2011

Alunos empobrecem e ganham almoço nas escolas públicas nos EUA

Número de estudantes que recebem refeição subsidiada pelo governo subiu de 18 milhões há cinco anos para 21 milhões

Milhões de crianças das escolas públicas dos Estados Unidos estão recebendo refeições gratuitamente pela primeira vez já que seus pais, muitos antes parte de uma classe média forte, perderam seus empregos ou casas durante a crise econômica, o que qualificou suas famílias para receberem uma bolsa-auxilio do governo.
Número de crianças com direito a bolsa para refeições cresceu
O número de estudantes que recebem almoços subsidiados subiu de 18 milhões em 2006 e 2007 para 21 milhões no último ano escolar, um aumento de 17%, de acordo com uma análise realizada pelo The New York Times de dados do Departamento de Agricultura, que administra o programa de refeições. Onze Estados, incluindo Flórida, Nevada, Nova Jersey e Tennessee, tiveram o equivalente a um aumento de 25% ou mais em quatro anos, mudanças enormes em um programa amplo. O Departamento de Agricultura ainda não divulgou dados de setembro e outubro deste ano.
"São aumentos muito grandes e um reflexo direto das dificuldades que as famílias americanas estão enfrentando", disse Benjamin Senauer, um economista da Universidade de Minnesota que estuda o programa de refeições, acrescentando que essa mudança aconteceu tão rápido "que pessoas que fazem pesquisa, como eu, estão tendo dificuldades em acompanhá-la."
Em Sylva, Carolina do Norte, demissões em madeireiras e fábricas de papel levaram centenas de novos alunos ao programa de almoço grátis. Em Las Vegas, onde o colapso da indústria da construção civil tem causado dificuldades, 15.000 estudantes adicionais aderiram ao programa do almoço subsidiado neste outono. Em Rochester, Nova York, engenheiros e técnicos desempregados inscreveram seus filhos após o corte de empregos feito pela Kodak e outras empresas. Muitos desses pais pediram que os funcionários da escola mantivessem a sua matrícula no programa em segredo.
Alunos de famílias com renda de até 130% o nível de pobreza - US$ 29.055 para uma família de quatro pessoas - são elegíveis ao programa de refeições grátis. Crianças em uma família de quatro membros com renda de até US$ 41.348 podem qualificar-se para um almoço subsidiado ao preço de US$0,40.
Entre os primeiros a chamar a atenção para os aumentos estavam oficiais do Departamento de Educação que utilizam as taxas do almoço subsidiado como indicador de pobreza em testes federais. Este mês, ao divulgar os resultados da Avaliação Nacional do Progresso Educacional, eles notaram que a proporção de alunos da quarta série matriculados no programa do almoço havia subido de49% em 2009 para 52% 2009, atravessando uma barreira simbólica.
Nas escolas do Condado de Rockdale, em Conyers, na Geórgia, o percentual de estudantes que recebem merenda subsidiada aumentou de 47% em 2006 para 63% este ano.
"Estamos vendo pessoas que nunca foram elegíveis antes, nunca tiveram essa necessidade", disse Peggy Lawrence, diretora de nutrição escolar.
Uma delas é Sheila Dawson, uma vendedora do Walmart cujo marido perdeu seu emprego como gerente de uma loja Waffle House no ano passado, reduzindo sua renda para US$ 45.000. "Estamos fazendo tudo o possível para economizar dinheiro", disse Dawson, que tem uma filha de 15 anos de idade. "Nós compramos roupas em brechós, vemos menos filmes e este ano a minha filha se qualificou para o programa do almoço subsidiado."
Ela acrescentou: "Isso me dá a seguinte sensação: 'Ei, nós pagamos impostos todos estes anos. É para isso que o pagamos."'
Apesar dos problemas na economia serem o principal fator nos aumentos, segundo especialistas, um crescimento marginal resultou de uma nova forma de qualificar os alunos para as refeições subsidiadas, conhecida como certificação direta. Em 2004, o Congresso exigiu que 17 mil distritos escolares do comparem as listas de alunos com os registros de campanhas de vale-refeição da região, automaticamente registrando aqueles que solicitam o vale-refeição no programa do almoço subsidiado. O número de distritos que vem fazendo esse procedimento vem aumentando, e com isso o número de crianças elegíveis, de 12 milhões em 2009 para 14 milhões em 2011 .
"A preocupação de todos nós envolvidos na certificação direta é como ajudar todos estes distritos a lidarem com a explosão do número de casos de crianças elegíveis para as refeições", disse Kevin Conway, um diretor da Mathematica Policy Research, um grupo co-autor de um relatório enviado ao Congresso em outubro sobre a certificação direta.
O Congresso aprovou a Lei do Almoço na Escola Nacional em 1946 para apoiar os preços dos commodities após a Segunda Guerra Mundial, reduzindo excedentes agrícolas enquanto forneciam alimentos aos alunos. Em 1970, o programa já fornecia 22 milhões de almoços em um dia normal, cerca de um quinto deles subsidiados. Desde então, o número de almoços subsidiados cresceu enquanto os almoços pagos têm diminuído, mas desde 1972 não se tem tantas crianças elegíveis para os almoços grátis como no ano fiscal de 2010, o equivalente a 1,3 milhões. Hoje o programa custa US$ 10,8 bilhões e fornece 32 milhões de almoços, 21 milhões dos quais são gratuitos ou a preço reduzido.
Todos os 50 Estados têm mostrado aumentos, de acordo com dados do Departamento da Agricultura. Na Flórida, que tem 2,6 milhões estudantes de escolas públicas, um total de 265 mil estudantes se tornaram elegíveis para os almoços desde 2007, com aumentos em praticamente todos os distritos.
"O crescimento tem acontecido em todas as áreas", disse Mark Eggers, um oficial do Departamento de Educação da Flórida que supervisiona o programa de almoços.
No Tennessee, o número de estudantes que recebem refeições subsidiadas aumentou 37% desde 2007.
"Quando uma fábrica fecha, os distritos escolares presenciam um grande aumento no programa", disse Sarah White, diretora estadual de nutrição escolar.
Em Las Vegas, com 13,6% de desemprego, a inscrição de milhares de novos alunos no programa de almoço subsidiado forçou o distrito de Clark a adicionar um turno extra na cozinha central da escola, disse Virginia Beck, diretora-adjunta do serviço de alimentação escolar.
Em Roseville, Minnesota, um subúrbio perto da cidade de Saint Pauls , a proporção de estudantes que fazem parte do almoço subsidiado subiu de 29% em 2006 para 44% neste outono, de acordo com o economista Senauer. "Há muitas mudanças nos subúrbios ", disse ele. "Esse é o novo retrato da pobreza".
Em Nova York, o Distrito Escolar Gates, a oeste de Rochester, perdeu 700 alunos desde 2007 já que muitas famílias fugiram da área depois de demissões em massa. Mas nos mesmos quatro anos, o programa de almoço subsidiado teve um adicional de 125 bocas, muitas delas pertencentes a filhos de gerentes e técnicos da Kodak e da Xerox que acreditavam ter um emprego vitalício, disse Debbi Beauvais, supervisora de distrito do programa de refeições.
"Ao inscrever as crianças os pais dizem: 'Eu nunca pensei que um programa como este se aplicaria a mim e a meus filhos'", disse Beauvais.
Muitos dos grandes distritos escolares urbanos foram durante anos dominados por estudantes pobres o suficiente para se qualificarem para os almoços subsidiados. Em Dallas, Newark e Chicago, por exemplo, cerca de 85% dos estudantes são elegíveis e a maioria dessas escolas também oferecem café da manhã gratuitos. Agora, alguns lugares agregaram programas de janta gratuita, temendo que alguns estudantes carentes passem fome em casa.
Um deles é o distrito de Hickman Mills em Kansas City, Missouri, bairro onde uma loja de departamentos Home Depot, um shopping center e uma série de supermercados fecharam.
Dez anos atrás, 48% de seus alunos podiam pedir almoços grátis. Em 2007, essa proporção havia aumentado para 73%, disse Leah Schmidt, diretora de distrito de nutrição. No ano passado, quando a proporção chegou a 80%, o distrito começou a providenciar uma terceira refeição paga pelo Estado para cerca de 700 alunos todas as tardes após as aulas. "Este é o período de maior necessidade que eu vi na minha carreira de 20 anos", disse Schmidt.
Fonte: The New York Times
Gilv@n Vi@n@

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