Pároco afirma que só vai retomar as celebrações quando feira de comércio popular em frente à igreja acabar
O pessoal bateu palmas, mas teve umas velhinhas que choraram”, conta o padre
Ir a uma missa de domingo na Catedral Metropolitana de Fortaleza, no centro da cidade, tem sido uma experiência semelhante a visitar uma rua de comércio popular. Há dois anos, os portões e a calçada que cercam a Igreja da Sé servem de cabide e vitrine para feirantes da região.
Em meio a uma crise de stress provocada pela situação e pelas constantes reclamações dos fiéis, o pároco anunciou no último domingo (6) que não irá celebrar missas enquanto o problema não for resolvido pela Prefeitura de Fortaleza.
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A Catedral Metropolitana de Fortaleza: principal igreja da capital do Ceará se tornou um pólo de comércio popular
O comércio irregular se mudou para a Igreja da Sé em 2009. Naquele ano, a Prefeitura de Fortaleza expulsou os feirantes da Praça Pedro 2º, localizado do outro lado da rua. Uma parte foi transferida para um centro comercial na periferia da cidade. Outra foi para o município de Maracanaú, na região metropolitana. Restaram alguns. Eles resolveram ficar porque não queriam perder a clientela fixa. Com a praça ocupada pela Guarda Municipal, o problema se transferiu para a vizinha Catedral. “Eu não posso reclamar. Deixei passar da praça para a catedral porque me dói o coração. Essas pessoas estão querendo ganhar o pão de cada dia. O que estou fazendo é me retirar porque não aguento mais a pressão”, admitiu o padre Clairton Alexandrino, pároco da Igreja da Sé. Esses feirantes comercializam calcinhas, cuecas, pijamas e vestidos. A mercadoria fica exposta nas grades dos portões que cercam a catedral e no chão da calçada. São dezenas de comerciantes. Com os produtos e o movimento da clientela, os acessos para a igreja ficam bloqueados. Além disso, quando os fiéis chegam para a missa, o estacionamento privado já está lotado. “Eles chegam cedo, ainda de madrugada, e quebram os cadeados para os carros entrarem. A igreja está tendo prejuízos”. Ainda tem a sujeira deixada pelos comerciantes. Segundo o pároco, a igreja precisou contratar um funcionário a mais só para dar conta do lixo acumulado pelo movimento dos feirantes. “O rapaz da limpeza encontra fezes”, conta.
Mais de mil fiéis vão às missas de domingo celebradas pelo pároco. Quando ele anunciou a decisão no último domingo (6), os fiéis reagiram de formas distintas. “O pessoal bateu palmas, mas teve umas velhinhas que choraram”, conta o padre. |
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Venda de calcinhas na grade em frente à catedral: sujeira e tumulto provocaram revolta dos fiéis
O sacerdote está à frente da catedral há 12 anos. Nem na última grande reforma pela qual a igreja passou, concluída no mês de julho, foi preciso interromper as missas e a visitação. “É a primeira vez na história. Na reforma a gente ia fazendo pedacinho por pedacinho e continuava recebendo os fiéis”. O padre decidiu fechar a igreja só agora porque a situação se tornou insustentável para ele. ”Estou sendo pressionado a tomar uma medida extrema. Não tenho condição de exercer o ministério, mas expulsar essas pessoas não é papel do pastor", ponderou o padre. O comércio de confecção, tanto de varejo quanto de atacado, é bastante movimentado no centro de Fortaleza. Dezenas de ônibus partem de vários lugares do Norte e Nordeste levando os chamados sacoleiros para comprar esses produtos na cidade. O centro, ao longo dos últimos 15 anos, acabou concentrando essas feiras a céu aberto. Elas se estendem do por várias ruas e passaram a ocupar prédios antigos e terrenos da região, antes abandonados. A reportagem do iG entrou em contato com a Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor), responsável pelo ordenamento da região, mas não recebeu nenhum posicionamento sobre o problema até às 18h desta segunda-feira. |
Fonte: Daniel Aderaldo, iG Ceará
Gilv@n Vi@n@
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