Coreia do Norte anuncia 'estado de guerra' com Sul
Em comunicado, governo afirma que todas as questões intercoreanas serão tratadas com base em um protocolo de guerra
Universitários socam ar durante marcha na Praça de Kim Il-sung, no centro de Pyongyang, Coreia do Norte |
A Coreia do Norte declarou neste sábado que entrou em "estado de guerra" com a Coreia do Sul na última de uma série de ameaças contra o vizinho do sul e os EUA que elevaram as tensões na Península Coreana.
Em um comunicado divulgado pela agência estatal, o regime de Pyongyang prometeu "severas ações físicas" contra "qualquer ato de provocação". Na nota, o governo norte-coreano afirmou que todas as questões entre os dois países serão agora tratadas como assuntos relacionados à guerra.
A Corea do Norte vem ameaçando seus adversários com ataques quase diariamente. A Península Coreana já está em estado técnico de guerra porque a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um cessar-fogo, e não um tratado de paz. No início deste mês, Pyongyang anunciou ter abandonado o armistício . "A duradoura situação da Península da Corea de não estar nem em paz nem em guerra finalmente acabou", disse o comunicado divulgado neste sábado.
O Ministério de Unificação da Coreia do Sul divulgou rapidamente um comunicado afirmando que a recente ameaça não é nova e segue o padrão herdado pelo ex-presidente Kim Jong-il, morto em dezembro de 2011 , de colocar tropas em estado de alerta em resposta aos treinamentos anuais sul-coreanos. Pyongyang vê esses exercícios como ensaios para uma invasão da Coreia do Norte.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que a retórica apenas aprofunda o isolamento da Corea do Norte e condenou a "retórica belicosa" dos norte-coreanos. A Rússia advertiu que a troca de ameaças pode criar um "círculo vicioso".
Na sexta, o líder norte-coreano, Kim Jong-un , alertou que suas forças estavam prontas "para acertar as contas com os EUA" após dois bombardeiros americanos B-2 - com capacidade de transportar armas nucleares - voarem em uma missão de treinamento militar na Coreia do Sul. Os EUA já haviam enviado aviões B-52 à Corea do Sul no início do mês como uma resposta às ameaças de Pyongyang.
Entre as advertências recentes de Pyongyang está um " ataque nuclear preventivo " contra os EUA e a indicação de que as bases americanas no Havaí, Guam e Corea do Sul são seus alvos potenciais .
A tensão na Península Coreana aumentou desde que Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear, em 12 de fevereiro - que resultou na imposição ao país de novas sanções internacionais.
Analistas dizem que um conflito em larga escala na Península Coreana é improvável e até mesmo suicida para Pyongyang, afirmando que as ameaças são uma forma de pressionar os EUA a negociar. Mas o teor das ameaças e a animosidade crescente dos países rivais levantam temores de que um erro de cálculo possa desencadear um confronto.
NA sexta, na praça principal de Pyongyang, dezenas de milhares de norte-coreanos participaram de um comício de 90 minutos em apoio à convocação de Kim ao confronto.
Pequenos navios de guerra norte-coreanos, incluindo barcos de patrulha, realizaram exercícios marítimos fora da costa norte-coreana, perto da fronteira com a Coreia do Sul no início desta semana. As informaçoes são do porta-voza de Defesa sul-coreano, Kim Min-seok, que não forneceu detalhes.
O porta-voz disse que os militares da Coreia do Sul estavam cientes da possibilidade de que exercícios norte-coreanos poderiam levar a uma provocação real de conflito bélico. Ele afirmou que a Coreia do Sul e militares dos EUA estão observando atentamente quaisquer sinais de preparativos para o lançamento de mísseis na Coreia do Norte.
Pyongyang usa o arsenal nuclear dos EUA como uma justificativa para impulsionar seu programa de arma nuclear. Ele afirma que o poder de fogo americano é uma ameaça à sua existência.
*Com AP e BBC
Gilv@n Vi@n@
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