Médicos de planos de saúde iniciam paralisação no atendimento nesta quarta
Manifestação deve ocorrer em quase todo o País. Categoria cobra reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o fim das "intervenções" que as operadoras exercem sobre os médicos
Médicos de planos de saúde de quase todo o País iniciam uma
greve de 15 dias em defesa de reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o
fim do que chamam "intervenções antiéticas" que as operadoras
estariam exercendo sobre os profissionais para baixar os custos dos tratamentos
em prejuízo dos pacientes. Os serviços de urgência e emergência não serão
afetados, mas as consultas e a chamada assistência eletiva, mesmo marcadas com
meses de antecedência, podem ser reagendadas para depois da greve.
Em sete Estados (Acre,
Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e
Rondônia), a paralisação atingirá todos os convênios. Em outras oito unidades
da Federação, entre os quais São Paulo, a greve atingirá seletivamente as
operadoras que não fecharam acordo. No caso paulista, serão afetados os planos
Golden Cross, Green Line, Intermédica, Itálica, Metrópole, Prevent Sênior,
Santa Amália, São Cristóvão, Seisa, Tempo Assist, Trasmontano e Universal.
Os outros Estados que
terão paralisação seletiva são: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso,
Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em cinco unidades (Amapá,
Ceará, Distrito Federal, Pará e Roraima), a categoria decidiu fechar acordo com
as operadoras e, a princípio, não haverá paralisação.
Em São Paulo, nesta
quarta-feira e no dia 18 de outubro, quando é comemorado o Dia do Médico, a
suspensão dos serviços vai atingir todas as especialidades médicas. Entre os
dias 11 e 17 de outubro, haverá um rodízio: a cada um destes dias haverá
suspensão de determinadas especialidades atendidas por esses planos de saúde.
Em entrevista, o
vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá,
explicou que a paralisação foi inevitável diante da intransigência das
operadoras na relação com os médicos e da deterioração da qualidade do
atendimento aos usuários. Ele disse que está havendo evasão de profissionais e
que o sistema caminhará para o caos se não houver intervenção do poder público.
"Estamos caminhando para um apagão na saúde suplementar", enfatizou.
"O médico hoje é tratado como o bóia-fria da saúde", criticou.
Por consulta, o médico
recebe das operadoras em média R$ 45. A proposta da categoria é que os valores
sejam fixados entre R$ 60 e R$ 80, conforme a complexidade da área. A categoria
pede também a criação de um indexador que permita o reajuste da tabela de
serviços com a mesma periodicidade do aumento na mensalidade dos usuários. Eles
exigem ainda o fim das intervenções das operadoras na autonomia da relação
médico-paciente, além do estabelecimento de sistema de contrato com o mínimo de
garantias aos profissionais.
Hoje, segundo Márcio
Bichara, secretário de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos, o
repasse dos reajustes das mensalidades dos convênios não está sendo feito aos
médicos. De 2000 a 2011, os reajustes autorizados pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) às operadoras somaram 150,89%, mas apenas 65% foram
repassados aos médicos. No período, o IPCA teve variação de 119,8%.
Segundo Tibiriçá, o
setor de saúde suplementar passa por grave crise de credibilidade. Levantamento
do CFM mostra que dois em cada dez pacientes dos planos estão buscando
atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) - a deterioração do atendimento dos
planos tem causado filas cada dia mais semelhantes às do SUS. "Os planos
boicotam os tratamentos de alto custo, abreviam internações e pressionam os
médicos a adotar medidas de contenção que ameaçam a eficácia do tratamento dos
pacientes", denunciou.
Pesquisa recente
realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM) revelou que oito em cada
dez pacientes tiveram problemas no atendimento nos últimos dois anos. Em todo o
País, essa proporção representa um total de 40 milhões de pacientes, num
universo de 50 milhões de usuários de planos de saúde. Em 65% dos casos, o
problema ocorreu no agendamento de consulta, devido à escassez cada vez maior
de profissionais. "A evasão de médicos atinge níveis preocupantes",
disse Tibiriçá.
Gilv@n Vi@n@
Nenhum comentário:
Postar um comentário