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01 maio, 2012

José Maria do Tomé vive na luta da Chapada do Apodi, no Ceará

Há dois anos, o agricultor era assassinado, em Limoeiro do Norte, por denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos na região
“Vamos tocar na terra e sentir os lamentos das famílias expulsas para a instalação do latifúndio. É dessa terra onde mataram José Maria que sobe nosso grito de justiça e esperança, grito do povo da Chapada, do Ceará, do Brasil e do Mundo”. Com essas palavras, ditas pelo Padre Júnior, da Cáritas Diocesana de Limoeiro, iniciaram as homenagens ao agricultor José Maria do Tomé, assassinado há dois anos, na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, no estado do Ceará, por denunciar os impactos do uso indiscriminado de agrotóxicos na região.

Para lembrar sua memória e denunciar a impunidade do assassinato, estiveram reunidos na tarde de 21 de abril – em frente ao cruzeiro que marca o local no qual Zé Maria levou 25 tiros, em uma das estradas de acesso a comunidade do Tomé, onde vivia com sua família – moradores/as, representantes das pastorais sociais, do Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST), pesquisadores, estudantes e militantes de direitos humanos. O inquérito sobre o caso já dura dois anos e ninguém foi indiciado.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) tem acompanhado casos como o de Zé Maria do Tomé, denunciando em seus relatórios, como a impunidade e o aumento da violência têm caminhado juntas nos conflitos de terra no Brasil. Segundo matéria divulgada pela revista Carta Capital[1], em maio de 2011, nos últimos 25 anos, 1.614 pessoas foram assassinadas no Brasil em decorrência de conflitos no campo. Desses casos, 91 foram julgados, resultando na condenação de 21 mandantes e 72 executores. Ou seja, a Justiça levou às grades apenas um criminoso para cada 17 pessoas assassinadas em todos esses anos.
A mercê dessa impunidade seguem em luta por direito ao território, camponeses, quilombolas e indígenas que continuam ameaçados e/ou assassinados todos os dias. Dados da CPT revelam que entre os anos de 2001 e 2011, 405 lideranças camponesas foram assassinadas em conflitos no campo e a lista de “pessoas marcadas para morrer” aumenta a cada ano. Em 2010 eram 83, em 2011 esse número foi 172. Para 2012, as informações devem ser atualizadas no próximo Relatório de Conflitos no Campo, que deverá ser lançado até maio, entretanto, somente em quatro meses, nove pessoas já foram assassinadas.
Legado
Presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi, José Maria morreu aos 44 anos, deixando esposa e três filhos. Combativo, junto com a organização comunitária do Tomé, denunciou a contaminação indiscriminada por agrotóxicos da água consumida pela comunidade, o problema de moradia enfrentado por uma parte das/os trabalhadas/res rurais da região, e a apropriação indevida de terras pertencentes à União por empresas de agroexportadoras de frutas.
Fonte: brasildefato.com.br
Gilv@n Vi@n@

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