Central fará manifestação diante do Congresso amanhã no Dia da Consciência Negra para garantir igualdade de direitos
No dia 20 de novembro instituiu-se o Dia da Consciência Negra |
Após a comissão especial da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
478/10 aprovar o parecer que estende às trabalhadoras domésticas e
outros trabalhadores em residência direitos assegurados aos demais
empregados com carteira assinada, os movimentos sociais mobilizam-se
para garantir que o texto também seja aprovado na Câmara e no Senado.
A pressão começa já amanhã 20 de novembro, Dia da Consciência Negra,
quando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Comércio e Serviços (Contracs) levarão para dentro
do Congresso diversas domésticas para pressionar os parlamentares.
"A maioria absoluta das domésticas são negras e somente 26,8% têm
carteira assinada. A luta por igualdade de direitos extrapola o
movimento sindical e pertence a toda a sociedade", aponta a secretária
da Mulher Trabalhadora, Rosane Silva.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD),
em 2009 haviam 7,2 milhões de empregados domésticos, sendo 93% do sexo
feminino. Desse total, 62% são mulheres negras – 4,15 milhões. Dos 34
direitos assegurados na Constituição, apenas nove estendem-se às
domésticas.
Além de ser aprovada em dois turnos pela Câmara por, ao menos 308
votos, a PEC segue para o Senado. Por fim, depende da sanção da
presidenta Dilma Rousseff e, caso seja promulgada, garante às
trabalhadoras direitos como a jornada de trabalho de 40 horas semanais,
hora extra e adicional noturno.
Presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas
(Fenatrad), Creuza Oiveira, destaca que objetivo é sensibilizar os
parlamentares sobre a necessidade de ampliar o acesso a direitos
elementares.
"Desde 2010, a aprovação da proposta está nesta comissão. Sabemos das
dificuldades que enfrentaremos, afinal, se lá onde o número de
parlamentares é menor houve tanta resistência, imagina na Câmara, onde
são mais de 500 deputados. A estratégia é continuar com a mobilização e
ontem já tivemos uma manifestação da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara, que demonstrou apoio à aprovação da PEC. Temos os movimentos de
mulheres e negros ao nosso lado, mas, precisamos, principalmente, do
apoio de todas as centrais e dos demais segmentos dos movimentos
sociais", afirma.
Creuza destaca que no corpo-a-corpo com os parlamentares lembrará da responsabilidade que têm diante da base.
"Vamos conversar com deputados e senadores de todos os partidos para
apontar que termos os mesmos direitos das demais categorias é uma
questão de Justiça. Queremos que se comprometam com essa causa, afinal
de contas, também são eleitos por trabalhadoras domésticas."
Convenção 189 - Na pauta da categoria consta ainda a ratificação da
Convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre
condições decentes de emprego para a categoria. Porém, a prioridade é
alterar a legislação para depois adotar a norma como medida
complementar.
"Temos discutido a necessidade de ratificar a 189, mas ressaltamos
que primeiro é preciso aprovar a PEC para que a convenção não acabe
virando algo morto porque não houve mudança na legislação. Porém, a
ratificação é fundamental como símbolo político, até para servir de
parâmetro e fortalecer a luta das trabalhadoras em outros países",
explica Rosane.
Fonte: CUT
Gilv@n Vi@n@
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