Cristovam Buarque diz que não ouve falar "em medidas claras moralizadoras" |
Ao afirmar que o Brasil nunca promoveu qualquer reforma radical na direção de seu futuro, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) manifestou na sexta-feira, em Plenário, o temor de que a reforma política em debate seja também incompleta e restrita a aspectos eleitorais. O senador observou que até a abolição da escravatura só aconteceu quando a escravidão já estava quase extinta, "aos pouquinhos", passando pelo fim do tráfico, a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários.
— Não ouço falar da reforma que toque na cultura brasileira da política. Não vejo falar em medidas claras moralizadoras — criticou o parlamentar.
Avanços
Para Cristovam , o país também precisa de mudanças no funcionamento do próprio Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Ele chegou a sugerir novos critérios para a escolha dos ministros dos tribunais superiores de Justiça e garantia de autonomia para o Banco Central, com mandatos fixos para sua diretoria.
— Moeda é como bandeira ou hino: não pertence ao governo.
Se não enfrentar questões mais abrangentes, conforme Cristovam, a reforma política vai frustrar os brasileiros. No que se refere a medidas moralizadoras, ele defendeu não apenas o financiamento público das campanhas, mas limites para as doações e medidas que funcionem para reduzir os custos.
Cristovam acolhe a ideia do voto em lista partidária, mas não uma lista fechada pelo próprio partido. Para o senador, o próprio eleitor escolheria entre os nomes da lista os que receberiam seu voto.
Quanto ao tipo de eleição, ele sugeriu uma inovação na escolha de deputados: 40% seriam escolhidos pelo sistema distrital, 50% seriam representantes de todo o estado e 10% seriam deputados nacionais, que poderiam se candidatar para receber votos de qualquer ponto do país.
— O Miguel Arraes tinha de ser deputado federal pelo Brasil; o Leonel Brizola, pelo Brasil. Claro, no meio desses deputados vai haver artistas ou líderes religiosos, mas disputando entre os grandes deste país — destacou.
Com relação aos vereadores, a sugestão do senador é que seja um trabalho voluntário nos municípios com população abaixo de 50 mil habitantes.
Cristovam foi aparteado em diversos momentos pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), com elogios ou questionamentos a suas sugestões.
Fonte: senado.gov.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário