Fifa pede que Natal apresse obras do estádio Arena das Dunas |
O maior risco está no “após Copa 2014”. Simon Kuper, colunista do Financial Times, escreveu que no dia da escolha da África do Sul para sediar a Copa do Mundo, em 2004, o bairro negro do Soweto, em Johanesburgo, gritou: "a grana está vindo!". O articulista concluiu: “esse argumento econômico é uma enganação”. No mesmo artigo, Kuper escreve que a “quantidade de turistas esperados é bem menor que a prometida e a Fifa não deixou nem os sul-africanos pobres venderem suas salsichas do lado de fora dos estádios. Que fique claro: uma copa não deixa o país mais rico”.
Na África do Sul, a previsão de gastos era de 3 bilhões de dólares. No final, ultrapassou 12 bilhões. A iniciativa privada nada colocou do seu próprio bolso. Reivindicou (e obteve) empréstimos a longo prazo, isenções de impostos e outros incentivos. Com pressões descabidas por mais vantagens, certas empresas - tidas como parceiras -, se aproveitaram do fato da FIFA se mostrar tensa com a demora da preparação do país e exigiram “reajustes” milionários nos contratos de construção civil. Será que esse filme irá se repetir no Brasil? Depois do mundial, a África do Sul continuou a pagar contas. Até hoje administra greves de trabalhadores por atrasos de salários, que não eram comuns antes. O professor em gestão de esporte, Aldo Azevedo lembrou que “os recursos utilizados para a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro tiveram a previsão inicial de investimento triplicada”. Destacou a realização em 2004 da Eurocopa em Portugal, a maior causa do atual déficit financeiro e endividamento do país.
A Copa de 2014 é um fato consumado, que exigirá muita firmeza dos dirigentes para que a Fifa não acumule as funções de Presidente da República e legisladora. Se de um lado o nome do país está comprometido com o evento, a entidade internacional não terá opções de retirá-lo do Brasil. Até agora, assistimos a “babaquice” de meia dúzia de “papagaios de piratas”, se apresentando como os “pais da Copa”. De agora por diante, precisamos é de quem tenha competência e saiba o que diz, para mostrar à Fifa, que o Brasil não é uma “casa de noca”.
Por Ney Lopes - advogado
Gilv@n Vi@n@
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