Artigo: Moralidade e religião

O estudo comprova que pessoas religiosas, convidadas a opinar sobre dilemas morais hipotéticos, apresentam padrão de julgamento igual ao de pessoas sem religião ou ateias, isto é, a capacidade de distinguir entre certo e errado é intuitiva e independe da religião, apesar de ser moldada por ela em questões específicas. Em outras palavras, na diversidade dos seres humanos, há ateus altruístas como há religiosos dados à imoralidade e à falta de ética.
Não há dúvida de que diferentes religiões têm tido interesse em chamar atenção de todos os homens sobre suas responsabilidades no que se refere a regras, ideais e condutas, apesar do caráter particular de cada crença.
Em todos os recantos do mundo, considerando as diversidades culturais, econômicas e religiosas, há a necessidade de uma ética para moralizar o conjunto da humanidade. Estamos conscientes de que o homem não sobreviverá enquanto existirem espaços éticos e morais opostos e antagônicos.
E o papel das religiões para se evitar tais vazios é fundamental. Há um crescente número de especialistas, nos campos da psicologia, da biologia evolutiva, da teologia, da moral, que robustecem a consciência de uma ética global, mediante estudos, análises históricas, diagnósticos sociopolíticos. Responsáveis por todos os setores da sociedade estão preocupados com a sobrevivência da humanidade.
Precisamos refletir, independentemente de tais ou quais religiões, sobre temas fundamentais do homem: por que o homem deve ser amável, tolerante e altruísta em vez de agressivo e egoísta? Por que o jovem deve renunciar à violência e optar pela paz? Por que um empresário ou um banqueiro deve ser correto, colaborando para o bem-estar geral? Por que um operário deve atuar em benefício de sua empresa ou entidade? Por que deve haver a tolerância, o respeito, o apreço de um povo para com outro, de uma religião para com outra, de uma raça para com outra? Por que um político deveria resistir à corrupção? Por que não matar, enganar, roubar ou mentir?
Finalmente, por que deve o homem – como indivíduo, grupo ou religião – comportar-se de um modo humano, verdadeiramente humano? A nação brasileira necessita de um empenho ético fundamental. Não necessita, certamente, de uma ideologia unitária ou de uma representação religiosa, mas de normas, valores, ideais e fins obrigatórios e responsáveis. Só assim elegeremos cidadãos sérios e conscientes.
Por Carlos Alberto Rabaça (n’O Globo) – sociólogo e professor
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