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04 novembro, 2015

Artigo: Moralidade e religião

moralAlguns políticos e empresários, indiciados na Operação Lava Jato, alegam sua condição de religiosos para se defenderem da delação que os envolve. Moralidade depende de religião? Artigo publicado na revista “Trends in Cognitive Sciences”, assinado por cientistas das universidades de Helsinque e de Harvard, conclui que nem a cooperação nem a moralidade dependem da religião para existir, apesar de serem influenciadas por ela.
O estudo comprova que pessoas religiosas, convidadas a opinar sobre dilemas morais hipotéticos, apresentam padrão de julgamento igual ao de pessoas sem religião ou ateias, isto é, a capacidade de distinguir entre certo e errado é intuitiva e independe da religião, apesar de ser moldada por ela em questões específicas. Em outras palavras, na diversidade dos seres humanos, há ateus altruístas como há religiosos dados à imoralidade e à falta de ética.
Não há dúvida de que diferentes religiões têm tido interesse em chamar atenção de todos os homens sobre suas responsabilidades no que se refere a regras, ideais e condutas, apesar do caráter particular de cada crença.
Em todos os recantos do mundo, considerando as diversidades culturais, econômicas e religiosas, há a necessidade de uma ética para moralizar o conjunto da humanidade. Estamos conscientes de que o homem não sobreviverá enquanto existirem espaços éticos e morais opostos e antagônicos.
E o papel das religiões para se evitar tais vazios é fundamental. Há um crescente número de especialistas, nos campos da psicologia, da biologia evolutiva, da teologia, da moral, que robustecem a consciência de uma ética global, mediante estudos, análises históricas, diagnósticos sociopolíticos. Responsáveis por todos os setores da sociedade estão preocupados com a sobrevivência da humanidade.
Precisamos refletir, independentemente de tais ou quais religiões, sobre temas fundamentais do homem: por que o homem deve ser amável, tolerante e altruísta em vez de agressivo e egoísta? Por que o jovem deve renunciar à violência e optar pela paz? Por que um empresário ou um banqueiro deve ser correto, colaborando para o bem-estar geral? Por que um operário deve atuar em benefício de sua empresa ou entidade? Por que deve haver a tolerância, o respeito, o apreço de um povo para com outro, de uma religião para com outra, de uma raça para com outra? Por que um político deveria resistir à corrupção? Por que não matar, enganar, roubar ou mentir?
Finalmente, por que deve o homem – como indivíduo, grupo ou religião – comportar-se de um modo humano, verdadeiramente humano? A nação brasileira necessita de um empenho ético fundamental. Não necessita, certamente, de uma ideologia unitária ou de uma representação religiosa, mas de normas, valores, ideais e fins obrigatórios e responsáveis. Só assim elegeremos cidadãos sérios e conscientes.
Por Carlos Alberto Rabaça (n’O Globo) – sociólogo e professor
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