LEILOAR NOSSO PETRÓLEO É VENDER UM
BILHETE PREMIADO
Os brasileiros já conviveram com a escravidão; com
a proibição do voto feminino; com a Ditadura Militar; com o racismo; com a
homofobia; com o machismo. Grande parte desses absurdos foi superada e outra
parte foi inibida pela lei. Mas a superação do atraso só aconteceu depois de
muita mobilização e luta! O maior movimento cívico brasileiro foi “O Petróleo é
nosso!”. Este movimento, que tomou o Brasil de norte a sul e de leste a oeste,
nas décadas de 1940-50, uniu comunistas e conservadores, militares e civis. Um
dos principais líderes do movimento foi Monteiro Lobato, paulista da cidade de
Taubaté, um fazendeiro que se transformou em escritor, aliás, o principal autor
brasileiro de obras infantis e um dos maiores do mundo. Chegou a ser preso, na
sua luta para provar que havia petróleo no Brasil.
Precisamente agora, estamos em meio a mais uma
batalha dessa infindável guerra que já resultou em centenas de perseguições,
prisões, mortes. Inclusive o suicídio do presidente Vargas teve como pano de
fundo a questão do petróleo. Em seu governo, Getúlio criou a Petrobrás e
instituiu o monopólio estatal do petróleo.
Quando o petróleo era um sonho, fomos protagonistas
de uma das páginas mais emocionantes e marcantes de nossa história. Como
poderíamos imaginar que, depois de tudo isso, no momento em que o petróleo
brasileiro se torna realidade, há quem ouse defender os leilões!
Como disse o brilhante ator Paulo Betti,
referindo-se ao pré-sal, no filme “O Petróleo é Nosso – A Última Fronteira”: “…
é como se encontrássemos um tesouro valiosíssimo em nosso quintal e, então,
entregássemos a outros, porque somos incompetentes para administrá-lo!”.
Por mais de trinta anos, a Petrobrás vem gastando
bilhões de reais para descobrir o pré-sal, inclusive desenvolvendo tecnologia
inédita no mundo. Se investimos e acumulamos conhecimento nessa tecnologia,
como justificar a defesa dos leilões, para que estrangeiros explorem e se
apossem das nossas reservas de petróleo?
O pior é que, por trás das multinacionais de
petróleo, as mesmas que foram contra a criação da Petrobrás e do monopólio e
agora defendem com tanto ardor os leilões, está a conivência de boa parte da
mídia, da presidente da Petrobrás, Graça Fortes, do IBP e da Firjam. Cedendo às
pressões, o Governo brasileiro já anunciou a retomada dos leilões para maio e
novembro de 2013.
Infelizmente, a julgar pelos rumos que esse debate
vem tomando, tende a prevalecer a frase cinicamente pronunciada pelo primeiro
diretor geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), David Zilberstein,
ex-genro de FHC, em seu discurso de posse, falando à imprensa e a
representantes das multinacionais, declarou: “O Petróleo é nosso!”
Por Emanuel Cancela,
diretor do Sindipetro do Rio de
Janeiro
Gilv@n Vi@n@
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