Professores de Centro de Educação da UFRN decidem não encaminhar alunos para as escolas estaduais em apoio à greve
Os Professores do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo do Centro de Educação da UFRN decidiram não encaminhar os alunos estagiários para as escolas estaduais enquanto a greve permanecer. O objetivo é evitar que o propósito da formação em co-responsabilidade com as escolas seja desvirtuado. Os docentes assumem que o ato é declaradamente político, em apoio à greve da educação. Veja nota na íntegra:
Nota dos Professores do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo do Centro de Educação da UFRN em apoio à greve dos professores da Rede Estadual de Ensino
A história da educação no Brasil tem sido marcada pela luta por uma educação pública de qualidade. Nesse sentido, surgiram as Confederações, os Sindicatos e demais entidades da sociedade civil organizada da área. A consolidação e o fortalecimento dessas instituições devem-se a uma conquista importante: a garantia do direito à reivindicação. Sem isso, o debate fica ameaçado e a própria democracia fragilizada.
A educação pública de qualidade é um direito de todos e um dever do Estado. Nesse sentido, as instituições públicas de ensino superior têm dedicado parcela significativa de seus investimentos e esforços à educação básica. Merecem destaque: as políticas de formação inicial e continuada para profissionais da educação; a realização de ações de extensão dirigidas aos diferentes contextos educativos, especialmente, à escola pública; o desenvolvimento de pesquisas que focalizam a escola em suas várias dimensões, com fins de construir uma ciência articulada às necessidades sócio-educativas.
Nessa rede de lutas e de trabalho voltado à educação básica, os professores do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo do Centro de Educação da UFRN também construíram sua história de modo indissociável da escola pública, do seu espaço e dos seus sujeitos.
Nosso Departamento é o maior responsável, na UFRN, pela formação inicial de professores no âmbito dos estágios supervisionados. Testemunhamos, diariamente, a partir do acompanhamento da formação dos licenciandos, dos projetos de extensão que desenvolvemos e das pesquisas que realizamos, (i) a infra-estrutura insatisfatória de inúmeras escolas; (ii) a permanência dos resultados precários da educação, conforme atestam os sistemas de avaliação oficiais; (iii) a insuficiência do quantitativo do quadro docente e; (iv) a falta de uma política de apoio à qualificação e valorização profissional. Esse último responde, inclusive, pela dificuldade de permanência dos professores nos cursos a eles ofertados para sua qualificação, numa clara ratificação de um ciclo vicioso de impossibilidade de solucionar os problemas existentes.
O contexto histórico e o atual cenário da gestão educacional em nosso Estado exige o posicionamento político dos profissionais da educação, a fim de implementar mudanças. Nesse sentido, por meio desta Nota Pública, manifestamos nosso amplo apoio aos colegas professores da Rede Estadual de Ensino na sua luta, que, no momento, utilizam a greve como instrumento legítimo de reivindicação. Nosso apoio parte do reconhecimento do princípio básico que deve permear a gestão pública, especialmente àquela responsável pela educação: o exercício pleno da democracia e do direito de lutar pelas causas e interesses políticos e sócio-educativos.
Diante da atual situação, DECIDIMOS não encaminhar os alunos estagiários para as escolas estaduais enquanto a greve permanecer. O gesto é declaradamente político e visa, sobretudo, a evitar que o propósito da formação em co-responsabilidade com as escolas seja desvirtuado. Com o objetivo de fortalecer o debate e a formação política dos licenciandos e, considerando a resposta da gestão pública à greve, realizaremos junto à Coordenação das Disciplinas Pedagógicas das Licenciaturas, no âmbito do Centro de Educação, um ciclo de Seminários que ocorrerá ao longo de todo o período da greve.
Encerramos enfatizando que, no âmbito do cenário educacional, em nosso país, a permanência da luta dos profissionais da educação deve ser compreendida como necessária – um ato PROFISSIONAL e POLÍTICO que, como outros, marcaram a história nacional em prol de melhorias justas e significativas das condições de trabalho.
Natal-RN, 23 de agosto de 2013.
Alessandra Cardozo de Freitas
Alexandre da Silva Aguiar
Ana Santana Souza
André Ferrer Pinto Martins
Cláudia Rosana Kranz
Crislane Barbosa de Azevedo
Elda Silva do Nascimento Melo
Gilberto Ferreira Costa
Iran Abreu Mendes
Karyne Dias Coutinho
Lenilton Francisco de Assis
Lucineia Contiero
Lucrecio Araujo de Sá Junior
Manueliza Barbalho de Sousa
Marcos Aurelio Felipe
Maria Eliane Souza da Silva
Marlecio Maknamara da Silva Cunha
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco
Mércia de Oliveira Pontes
Midori Hijioka Camelo
Odára Raquel Kunkler
Soraneide Soares Dantas
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Thiago Emmanuel Araújo Severo
Vera Luza Uchoa Lins
Gilv@n Vi@n@
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